A vida na Terra é eminentemente transitória. Por longa que pareça determinada existência, seu término é uma certeza. O plano espiritual é o ponto de partida e de chegada de todas as almas que renascem na Terra.
Elas aqui aportam trazendo projetos de trabalho e de crescimento pessoal.
A experiência terrena é como um estágio de aprendizado. A morada natural dos Espíritos é no plano espiritual. A ampla maioria dos homens não consegue assimilar essa verdade e os seus inevitáveis desdobramentos. Muitos deles vivem na Terra como se nela se centrassem todas as suas aspirações. Procuram riquezas, poder e projeção social, mesmo à custa de atos vergonhosos.
Agem como se apenas eles e suas famílias fossem importantes. Nessa ótica, não titubeiam em semear a miséria e a desgraça nas vidas dos outros. Enquanto cuidam de seus interesses imediatos, cobrem-se de crimes e desenvolvem numerosos vícios. Mesmo quem não chega a extremos, raramente reflete a respeito da razão de sua existência.
A certeza da morte deveria funcionar como um antídoto para as ilusões mundanas. A transitoriedade da experiência terrestre faz com que ela se assemelhe à preparação para uma grande viagem. Quando alguém vai a um país distante, cuida de levar na bagagem objetos que lá sejam úteis.
De nada adianta gastar tempo e esforço para amealhar coisas que não poderão atravessar a fronteira.
Quem assim age corre o risco de chegar sem nada ao seu destino, na qualidade de um autêntico mendigo. Sem dúvida é necessário cuidar dos interesses terrenos.Não há problema algum no desfrute dos bens materiais e muito menos no trabalho que propicia o seu alcance. O erro reside em centrar nas coisas mundanas toda atenção, em detrimento dos próprios interesses eternos. Fortuna, beleza, poder, nada disso atravessa os portais da eternidade. É insano comprometer a própria dignidade espiritual com conquistas transitórias. Sempre chegará o momento de resgatar os equívocos cometidos e de reparar os estragos causados na vida do semelhante.
Embora o dinheiro e a importância fiquem para trás, os atos indignos praticados na sua busca são levados na consciência. Ocorre que também os gestos nobres integram o patrimônio do Espírito em sua jornada de retorno ao lar. Na verdade, o homem só possui efetivamente o que pode levar deste mundo. Tudo o que será constrangido a deixar constitui apenas uma posse transitória. Assim, nada do que é de uso do corpo é permanente e real. Já os dons da alma são eternos: uma vez conquistados, jamais são perdidos. Convém, pois, tratar de desenvolver a inteligência e as qualidades morais, reveladas mediante uma vida digna.
Elas são o único tesouro que pode ser levado na viagem de regresso ao verdadeiro lar.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. XVI, item 9 de O evangelho segundo o espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb. Em 10.10.2008.