O Evangelho na Casa de Pedro.
Em todos os momentos Jesus exemplificava, o tempo era pouco para o seu Advento de Amor, que transformaria a Humanidade, apenas três anos!
Néio Lúcio, mentor iluminado da Espiritualidade, escreveu estas palavras pelas mãos consagradas de Francisco Cândido Xavier, no livro “Jesus no Lar”:
“Numa noite de luar prateado, quando o céu se povoara de estrelas, Jesus se instalou, provisoriamente, na casa de Pedro.
Como é comum em nossas casas, também lá o assunto estava improdutivo. Jesus não perdeu sequer um momento de sua vida, aproveitando tudo com muito amor e sabedoria para ensinar e exemplificar, portanto, mudou o rumo da conversação e falou com bondade:_ Simão Pedro, o que faz o pescador, quando se dirige ao mercado com os frutos de cada dia?
Ah! Mestre! Naturalmente escolhemos os peixes melhores, ninguém compra os resíduos da pesca.
Jesus sorriu e perguntou de novo: – E o oleiro? Que faz para atender a tarefa a que se propõe?
Pedro: – Modela o barro, imprimindo-lhe a forma que deseja.
– Como procede o carpinteiro para alcançar o trabalho que se pretende? E Pedro muito simples e sem vacilar responde: – Lavrará a madeira , usará a enxó e o serrote, o martelo e o formão, de outro modo não aperfeiçoará a peça bruta.
Calou-se Jesus por alguns instantes e aduziu: __ Assim também é o lar diante do mundo. O berço doméstico é a primeira escola e o primeiro templo da alma. A casa do homem é a legítima exportadora de caracteres para a vida comum.”
Compreendemos como é linda e perfeita a comparação que faz Jesus!
Se o negociante seleciona a mercadoria, se o oleiro prepara o barro, o marceneiro, a madeira para seus propósitos, do contrário, não conseguiriam alcançar seus intentos, como esperar uma comunidade segura e tranqüila, sem que o lar se aperfeiçoe? A paz do mundo começa entre quatro paredes, sob as telhas a que nos acolhemos.
Se não aprendemos viver em paz entre meia dúzia de criatura, como aguardar a harmonia das nações? Se não nos habituamos a amar o irmão mais próximo, associado à luta de cada dia, como respeitar o Eterno Pai que nos parece tão distante?
“Jesus relanceou o olhar pela sala modesta, fez um pequeno intervalo, e continuou:
– Pedro, acendamos aqui, em torno de nós, e de quantos nos procuram a assistência fraterna, uma claridade nova.
-Na mesa de tua casa é servido o pão de cada dia, que recebes do Senhor; por que não instilar em redor desta mesa a sementeira da felicidade e da paz na conversação e no pensamento edificantes? O Pai que nos dá o trigo através do solo, envia-nos a luz através do Céu.”
Podemos ver, nas entrelinhas deste diálogo, que as pessoas que ali estavam e o próprio Pedro não entenderam os propósitos de Jesus. Pedro, não encontrando palavras adequadas para explicar-se, falou tímido:
– Mestre, seja feito como desejas!
“E Jesus, convidando os familiares do apóstolo à palestra edificante e à meditação elevada, desenrolou os Escritos da Sabedoria, havendo, então, na Terra, em casa de Pedro, O PRIMEIRO CULTO CRISTÃO NO LAR”.
Foi no dia do primeiro CULTO CRISTÃO NO LAR, na casa de Pedro, que Jesus falou:
“- Onde estiverem duas ou mais criaturas reunidas em meu nome, eu entre elas estarei” (Mateus, 18:20).
Falou da Grande Lei do Amor e das leis Morais, aptas a guiarem as criaturas nas realizações do Bem. Para que o homem avance em sua jornada evolutiva, encontrando a solução de seus problemas, há que segui-las, pois são leis Naturais e, como tal, se impõem, não havendo outro caminho. Os desvios só trazem a dor e o sofrimento.
E, como normas preventivas da dor e do sofrimento pregou o otimismo, a serenidade e a confiança na Divina Providência.
Falou do novo Mandamento —“Fazer aos outros, o que queríamos que os outros nos fizessem” e estabeleceu como Mandamento Maior:
“—AMARÁS O SENHOR TEU DEUS DE TODO O TEU CORAÇÃO, DE TODA A TUA ALMA E DE TODO O TEU ENTENDIMENTO.” E o segundo Mandamento, que é semelhante ao primeiro:
“—AMARÁS O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO.”
E nestes dois Mandamentos básicos fez-nos compreender que aí está toda a Lei, sendo que os outros giram em torno deles, pois é impossível amar a Deus sem amar ao próximo, ou amar ao próximo sem amar a Deus.
Ensinou, depois o “__Amai-vos como eu vos amei”, e disse a Pedro: “—Perdoa, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes.”
E Kardec, numa feliz expressão, sintetiza as mesmas exortações: “FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO.”
“ESPÍRITAS, AMAI-VOS E INSTRUÍ-VOS.”
Os Apóstolos, continuando a orientação do CULTO CRISTÃO NO LAR, se reuniam no subsolo das casas, nas catacumbas, enfim sempre em lugares escondidos, pois era severamente proibida a prática do Ensino de Jesus.
Embora amedrontados, com a morte do Mestre, eles não desistiram e continuaram, enfrentando o medo e os inimigos, levando a todos os cantos os Ensinos do doce Mestre da Galiléia.
Nesse cenário, três anos após a morte de Jesus, aparece o espírito enérgico e luminoso de Saulo de Tarso que é chamado ao exercício do seu ministério.
O convertido de Damasco, batizado posteriormente de Paulo, o grande Apóstolo, foi o vaso escolhido, por Jesus, para a continuidade da disseminação de Seus Ensinos.
Estes primeiros continuadores de Jesus mostraram grande valor no campo da Religião Cósmica do Amor e da Sabedoria, a qual faz crescer a responsabilidade moral, segundo o grau de conhecimento de cada um.
A Boa Nova, que teve seu início na Manjedoura, estendeu-se à casa de Simão Pedro e, em seguida, às praças públicas; estava agora sendo levada a outras cidades e povos do mundo.
“___ No decorrer dos tempos ___ disse Paulo a Lucas___ o Evangelho deverá ser levado para todos os lares do mundo, e cada lar irá transformar-se num verdadeiro Templo do Cristo. “